MIDIAS PARA EDUCADORES E FORMADORES

La vida que voa!!!

Uma Nova Esfera Cognitiva III

3. O Fim do Espaço

Na verdade, esse movimento de velocidade imanente à glo¬ba¬lização encontra as suas raízes no próprio sistema capitalista. Se o objetivo do capitalismo, conforme a análise marxista, é de “conquistar toda a terra como um só mercado”, isso significa que ele age espontaneamente no sentido de aniquilação do espa¬ço através do tempo, reduzindo ao máximo seu tempo de giro neces¬sário à cobertura de espaços cada vez mais amplos.
Anular o espaço pelo tempo, através dos meios de comuni¬cação e de transporte, é uma exigência interna da orga¬ni¬zação capitalista do mundo. Para isto são convocadas as mais diversas tecnologias, correspondentes às necessidades das diferentes fases da expansão capitalista. Em todas elas, desenha-se a ideologia desterritoria¬lizante dos livres fluxos mercantis, que procuram acabar com as territorialidades culturais, com o enraizamento, com as relações físicas e sagra¬das entre o indivíduo e seu espaço circundante. No projeto industrialista, o espaço é apenas um dentre os muitos elementos submetidos aos cálculos racionalistas do capital (Sodré, Muniz. 1988: 26).
Como explica Robert Kurz (Folha de S. Paulo, 03/01/99), pois, o sistema capitalista consistiu essencialmente em desvincular a economia de todo contexto cultural e de toda necessidade existen¬cial humana. “Se o tempo é uma forma inscrita a priori na capaci¬dade cognitiva humana, lembra ele, não é menos verdade que a essa forma subjaz uma mudança histórica e cultural”. Porém, se como sabemos, nas culturas não ocidentais, há uma diversidade de tempos distintos inerentes a naturezas diferentes ou situações sociais específicas, ao “transformar a abstração social do dinheiro num fim em si mesmo de caráter tautológico”, o capital inverteu também a relação entre o abstrato e o concreto, sujeitando as reali¬dades culturais locais à abstração do dinheiro para possibilitar a sua conversão em trabalho geral e abstrato, cuja principal medida é o tempo. Tempo que, salienta Kurz, não é mais o tempo concreto e localmente enraizado, mas sim “o fluxo temporal abstrato, linear e uniforme contrapartida exata do fim em si mesmo abstrato da acumulação capitalista”
Essa ditadura do tempo abstrato, levada a efeito pelo mecanismo da concorrência anônima, criou para si o correspon¬dente espaço abstrato, o espaço funcional do capital, destacado do restante da vida. Surgiu assim um tempo-espaço capitalista, sem alma nem feição cultural, que começou a corroer o corpo da sociedade. O “trabalho”, forma de atividade abstrata e encerrada nesse tempo-espaço específico, teve de ser depurado de todos os elementos disfuncionais da vida, a fim de não perturbar o fluxo temporal linear (...) Só assim foi possível nascer a separação moderna entre horário de trabalho e tempo livre. Embora não nos demos mais conta disso, o que se diz implicitamente é que o tempo de trabalho é tempo sem liberdade, um tempo impingido ao indivíduo (na origem até pela violência) em proveito de um fim tautológico que lhe é estranho, determinado pela ditadura das unidades temporais abstratas e uniformes da produção capitalista(ibid.)
Essa relação espacio-temporal, que rege todo o processo de globalização enquanto estágio paroxístico do capitalismo, implica uma necessidade cada vez menos de tempo para cobrir espaços cada vez maiores; o que significa que nossa vivência está cada vez mais ancorada no tempo e cada vez menos no espaço. Se pode até observar que a principal produção do capital global é, justamente, a velocidade de troca de sentido; velocidade exponencial e ilimitada que constitui a raiz do “fator V2” já explicado. Assim, toda a originalidade das técnicas de flexibilização, terceirização e deslocalização da produção por exemplo, reside essencialmente na dispersão das tarefas e das responsabilidades no espaço e a sua redis¬tri¬buição no tempo. O que aproxima as novas formas organiza¬cionais mais do funcionamento de uma orquestra de música, do que da tradicional linha de montagem própria ao fordismo, e que correspondia justamente a uma repartição espacial do processo de produção.
Uma boa ilustração dessa reconfiguração das relações de produção é o princípio de “just-in-time” que constitui, verda¬deira¬mente, uma técnica de armazenamento e de adminis¬tra¬ção de estoques no tempo. Portanto, a capacidade de produção de uma fábrica não depende mais da sua superfície ou do efetivo do pessoal empregado, mas sim de sua capacidade de otimização de seu capital tempo (rapidez de reação à demanda, acesso imediato à informação pertinente, agilidade dos canais de comu¬nicação entre os diferentes níveis de decisão, etc.), no afã de assegurar um maior valor agre¬gado, mensurável em termos de velocidade de giro e não em quantidade produzida. Todavia, é principalmente a natureza atual das operações financeiras que dá uma idéia clara da importância do fator “V2” no sistema global. Doravante, graças às novas tecnologias de comunicação, as finanças se libertaram totalmente de todo enraizamento espacial, constituindo, assim, uma nova dimensão econômica e social, autônoma e sem mais relação com o comércio internacio¬nal e os investimentos efetivos. São operações de natureza vir¬tual, nas quais o principal fator de lucro é a velocidade de troca de dados entre as principais praças finan¬ceiras do planeta.
Cientistas sociais como Toffler (1991), descrevem essa situação como sendo de uma “economia supersimbólica” organi¬zada em torno do “capital irreal”. Trata-se portanto, de um processo de vir¬tua¬lização (ou desmaterialização) da econo¬mia mundial, provocada pela excessiva velocidade na qual foi projetada. Assistimos, assim, como já foi observado por vários autores, à passagem da economia do estado material molecular à forma eletrônica de bit, onde as transações se tornaram uma sucessão de repre¬sentações de símbolos por outros símbolos: o bit que repre¬senta o dinheiro que representa a escritura que, hipoteticamente, representa o bem material ou uma produção intelectual não menos simbólica. Doravante, o mundo regido pela dimensão temporal e ejetado pelo fator “V2” se encontra para¬do¬xalmente preso no seu próprio movimento: uma velocidade excessiva contém o risco de colisão (social, psicoló¬gica, histórica...) ou até de desintegração. Enquanto uma repentina perda de veloci¬dade significa a queda inelutável
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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

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