Sociologia
Agnes Heller e a questão das escolhas éticas
Celina Fernandes Bruniera
Ponto de Partida
1) Comentar que, para Agnes Heller, os homens desenvolvem uma relação
individual com o sistema de valores da sociedade à qual eles se referem e
é isso que a ética significa. Então, isso quer dizer que qualquer
escolha ética é uma escolha individual. Indagar se uma escolha ética
seria, então, uma questão subjetiva. Para que isso seja compreendido
pelos alunos é importante discutir a diferença existente entre uma
escolha individual e uma escolha subjetiva.
2) Destacar que, para Agnes Heller, embora haja sempre uma dimensão
subjetiva nas escolhas éticas, um indivíduo sempre se defronta com as
prescrições histórico-sociais válidas para o conjunto da sociedade. Ou
seja, quando nascemos (em circunstâncias sociais concretas), já
encontramos sistemas de valores previamente definidos que nos são
transmitidos. Nossas escolhas são mediadas por esses sistemas de
valores. Por isso dizemos que não se trata de uma escolha subjetiva, mas
individual, quer dizer, possível a um sujeito nascido em determinadas
condições histórico-sociais.
Atividades
1) Propor que os alunos comentem a afirmação de Agnes Heller "Se
agimos, somos responsáveis pelo que se realiza através de nossa ação; se
nos afastamos da ação, somos responsáveis pelo que não fizemos." (Carecimentos e valores, em "Para Mudar a Vida: Felicidade, Liberdade e Democracia", Editora Brasiliense).
2) Evidenciar que mesmo quando optamos por não fazer algo em alguma
circunstância, estamos fazendo uma escolha, pela qual somos
responsáveis. Perguntar aos alunos o que orienta nossas escolhas?
3) Perguntar como explicaríamos, então, as diferenças que diferentes
indivíduos apresentam em relação às escolhas éticas. Uma primeira
explicação poderia ser de que diferentes ambientes e estratos sociais
estão marcados por sistemas de valores também diferentes.
Um segundo ponto a considerar é que, ao longo da vida, nos deparamos
com outros sistemas de valores, próprios de outros ambientes ou estratos
sociais ou mesmo próprios de sociedades mais antigas.
Isso significa dizer que temos uma relativa autonomia de interpretação e
de escolha. "Relativa" porque a situação social em que nos encontramos e
os diversos sistemas de valores que coexistem num determinado momento
histórico se constituem nos limites para nossa interpretação e
realização de valores. Nesse sentido é que dizemos que se trata de uma
escolha individual e não subjetiva.
4) Voltar ao extrato do texto de Heller, que abriu a discussão, e pedir
que explicitem o que entendem por autonomia de interpretação e de
escolha. Provocar a reflexão dos alunos, dizendo se o fato de nos
referirmos a uma sociedade nos alivia da responsabilidade por nossas
escolhas éticas. Por exemplo, o que queremos dizer, quando falamos que
agimos de uma determinada maneira porque todo mundo faz assim? Heller
talvez respondesse que uma boa maneira de refletir sobre nossas escolhas
éticas e a realização das mesmas é sempre supor que deveríamos ter
agido de outro modo.
5) Por fim, comentar que há na obra de Heller uma dupla preocupação:
com a intenção e com a conseqüência. Ter uma intenção pautada em
determinados valores é importante, mas não é suficiente. É preciso
reconhecer as conseqüências de nossas ações, mas, é claro, aquelas
conseqüências que são previsíveis.
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