"Bicho de Sete Cabeças"
Celina Fernandes Bruniera
Disciplina: Sociologia / Filme
Objetivos
1) Evidenciar os aspectos que são comuns à grande maioria de internações.
2) Discutir sobre como um internado busca manipular as impressões que
os outros podem ter de si mesmo e o que o leva a fazer isso.
3) Refletir sobre o caráter dos procedimentos adotados por instituições totais (manicômios, hospitais, prisões, etc.).
Estratégias
1) Levantar o conhecimento prévio dos alunos acerca da internação em manicômios ou clínicas reabilitadoras.
2) Estimular os alunos a levantar hipóteses sobre os motivos que levam uma pessoa a ser internada e de como se dá o tratamento.
Atividades
1) Assistir ao filme "Bicho de Sete Cabeças", de Laís Bodanzky (DVD
Sony Pictures, 2002). Solicitar que os alunos observem três períodos na
vida da personagem principal (Neto): fase de pré-paciente (antes da
internação), fase de internamento e fase de ex-doente (após a alta).
2) Discutir o filme com os alunos, solicitando que revelem suas
impressões acerca desses três períodos na vida de Neto. É importante
evidenciar o caráter da relações sociais, ou seja, como o jovem se
relaciona com as pessoas com que convive.
Sugestões
1) Dizer aos alunos que o filme é um bom exemplo para pensarmos como a
interpretação que as instituições totais (manicômios, hospitais,
prisões, etc.) fazem das pessoas pode alterar o seu destino social,
sobretudo a imagem que têm de si mesmas e dos outros.
2) Tornar relevante o fato de que há alguém que decide pela internação
de Neto, há quem tome a frente disso, o enganando. É um procedimento
muito comum quando se trata da internação de jovens. Portanto, essa
experiência da internação é uma experiência de abandono, deslealdade,
amargura.
3) Destacar, durante a discussão, como o jovem constrói a imagem de si
mesmo, ou seja, como manipula as impressões que os outros possam ter
dele, à medida que sente que não pode confiar nem mesmo nas pessoas mais
próximas. Esconde fatos fundamentais a seu respeito e tenta descobrir
se os outros sabem disso.
4) Evidenciar que ao mesmo tempo em que Neto é transformado em
paciente, há aquele que assume a responsabilidade pela internação e que é
transformado em tutor. Este serve de mediador entre a instituição e a
família.
5) Os procedimentos adotados pela instituição como meios de fazer com
que o paciente aceite essa condição e comece a se ver por meio dela. Os
limites da resistência diante da violência dos procedimentos.
6) Procedimentos de registro e outras formas de justificar a internação
são veiculados como formas de comprovar que o internado tem que
continuar na instituição. A relevância do papel do especialista nesse
momento que mostra ter um poder ilimitado sobre o paciente, que
demonstra conhecê-lo melhor que ele mesmo se conhece, melhor que seus
familiares o conhecem.
*é mestre em sociologia da educação pela Universidade de São Paulo e assessora educacional.
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