Você é um Professor digital?
Quando comecei a escrever sobre informática educacional, lá pelos idos de 1998, me lembro que meu primeiro artigo abordava a importância do uso dos computadores como ferramenta de ensino-aprendizagem.
Nele, eu tentava mostrar que os computadores e a Internet poderiam ser
ferramentas poderosas para pesquisa, aprendizagem, interatividade e
autoria.
Na foto ao lado, o professor Suez
confronta a velha “papeleta de notas” com a moderna planilha de notas
eletrônicas em um projeto de informatização desenvolvido na EE Neuza
Maria Nazatto de Carvalho.
De lá para cá muita coisa mudou no mundo da informática e dos computadores. Mas, no âmbito da escola, notamos um descompasso
entre o ritmo da evolução tecnológica e o da evolução de nossos
processos educacionais. O que, de certa forma, sabemos que não é
novidade para ninguém: a escola implementa mudanças de uma forma mais
lenta, ainda que, paradoxalmente, seja uma instituição que se propõe a
ser um fator gerador de mudanças. É por isso que os professores devem
considerar as oficinas de capacitação para o uso pedagógico dos
computadores e da Internet como oportunidades valiosas de aprendizagem
de novas metodologias e técnicas de ensino-aprendizagem.
Mas só isso não basta. É preciso mais. Já não basta perder o medo do computador.
É preciso saber para que ele serve se pretendemos fazer bom uso da
máquina. Professores que só usaram computadores para bater papo na
Internet, jogar games ou, quando muito, digitar um texto mal formatado
no Word, estão deixando de aproveitar a chance de serem verdadeiros
“professores digitais”.
Na rede pública de ensino há ainda uma
demanda enorme de computadores para equipar centenas de escolas que não
dispõem de uma Sala de Informática funcional. Em outras tantas escolas
os computadores já estão ultrapassados e não dão mais conta de rodarem
sistemas operacionais modernos ou mesmo de lidar com a Internet
midiática atual. É preciso suprir essas demandas. As máquinas mudaram, o
mundo mudou, embora na maior parte das escolas os professores continuem
quase os mesmos. Mas é preciso fazer também, e urgentemente, um “upgrade nos professores” e não apenas nas Salas de Informática. Precisamos de “professores digitais”.
Um professor digital é aquele que
possui habilidades para fazer um bom uso do computadores para ele mesmo
e, por extensão, é capaz de usá-lo de forma produtiva com seus alunos.
As “habilidades” que listarei a seguir
podem ser discutíveis e em número limitado. Arrisco-me, no entanto, a
afirmar que quantas mais forem as habilidades possuídas, mais perto se
chegará do perfil de um professor digital. Vejamos>
1. Possuir um endereço de e-mail e utilizá-lo pelo menos duas vezes por semana (o ideal seria fazê-lo diariamente);
2. Possuir
um blog, um site ou uma página atualizável na Internet onde regularmente
se produz, socializa e se confronta seu conhecimento com outras
pessoas;
3. Participar ativamente de um ou mais “grupos de discussão”, fórum ou comunidade virtual ligada à sua atividade educacional;
4. Possuir
algum programa de troca de mensagens on-line, como o MSN, com, no
mínimo, dois colegas de profissão em sua “lista de contatos” e usá-lo
para fins profissionais pelo menos uma vez por semana, em média;
5. Assinar
algum periódico on-line (mesmo que gratuito) sobre notícias e novidades
relacionadas à educação ou à sua disciplina específica, e lê-lo
regularmente;
6. Preparar
rotineiramente provas, resumos, tabelas, roteiros e materiais didáticos
diversos usando um processador de textos (como o Word, por exemplo), uma
planilha eletrônica (como o Excel) ou um programa de apresentações
multimídia (como o PowerPoint);
7. Fazer
pesquisa na Internet regularmente com vistas à preparação de suas aulas
(no mínimo) e, preferencialmente, manter um banco de dados de sites
úteis para sua disciplina e para a educação em geral. Melhor ainda seria
compartilhar esse banco de dados com colegas e alunos;
8. Preparar
pelo menos uma aula por bimestre sobre um tema de sua disciplina onde os
alunos usarão os computadores e a Sala de Informática de forma
produtiva e não apenas para “matar o tempo”;
9. Manter contato com o computador por, pelo menos, uma hora diária, em média;
10.
Manter-se atento para as novas possibilidades de uso pedagógico das
novas tecnologias que surgem continuamente e tentar implementar novas
metodologias em suas aulas.
Note que na lista acima não foi incluída
em nenhum item a necessidade de se “possuir um computador”, porque de
fato não é preciso possuir algum para ser um professor digital, ou mesmo
para incluir-se digitalmente. No entanto, muitos professores que
conheço possuem computadores e acesso à Internet, mas não chegam a ter
nem três das dez habilidades listadas acima.
As habilidades acima envolvem o “fazer”,
o agir, a inclusão efetiva do professor no mundo digital. Nenhuma
oficina de capacitação ou curso de computação, por si só, traz nenhuma
das habilidades acima, pois todas elas demandam o “uso regular do
computador e da Internet”.
Aproveite e faça você mesmo o teste
para medir o quanto você se enquadra no perfil do professor digital.
Some um ponto para cada item dessa lista que se aplicar a você. Caso
você some mais que cinco pontos, já pode se considerar como parte da
vanguarda dos professores digitais.
(*) Para citar esse artigo (ABNT, NBR 6023):
ANTONIO, José Carlos. Você é um Professor digital?, Professor Digital,
SBO, 30 jun. 2008.
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