Cidadania digital
“Cidadania: qualidade ou estado de cidadão. Cidadão: indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado, ou no desempenho de seus deveres para com este”. (Dicionário Aurélio – século XXI, versão eletrônica)
Lembro-me como se fosse hoje do dia em
que vi, há décadas atrás, uma senhora se queixando, durante uma
reportagem sobre os habitantes de uma favela, que o que mais lhe afligia
em morar lá era não ter endereço para fornecer quando tinha que
preencher algum cadastro ou ficha de informações pessoais. Quando lhe
perguntavam o nome da rua e o número de sua casa, tudo o que ela podia
dizer é que morava na favela “Tal”.
A exclusão social, que nada mais é do que
a negação da cidadania do indivíduo, ainda é uma dura realidade por
todo o país e o número de favelas não têm diminuído de lá para cá. Além
disso, não bastasse a exclusão social e econômica, com a modernidade
novas formas de exclusão foram surgindo e, dentre elas, uma sobre a qual
quero falar agora: a exclusão digital.
Hoje em dia não possuir um e-mail é muito
parecido com não possuir um endereço físico real. O e-mail é solicitado
em praticamente toda ficha cadastral que preenchemos e embora ainda não
seja um documento obrigatório, em breve ele o será tanto quanto a
comprovação de endereço que nos é solicitada em muitas oportunidades. No
mundo todo são enviados 40 bilhões de e-mails por dia! Só no Brasil
esse número atinge a cifra de 1,5 bilhão.
No universo da Educação convivemos quase
diariamente com exemplos de exclusão social e é fácil perceber também a
exclusão digital. Temos milhares de alunos que não têm acesso à Internet
e aos computadores e que, assim como a senhora mencionada no exemplo
acima, não possuem um endereço eletrônico no mundo digital, não possuem
um e-mail. Mas, pior ainda do que isso é ver que encontramos também um
número proporcionalmente semelhante de professores excluídos
digitalmente, que não possuem um e-mail e não utilizam computadores,
ainda que os tenham disponíveis!
Embora seja uma triste verdade a
existência em muitos lugares do Brasil de comunidades inteiras onde
simplesmente não existem computadores, é mais triste ainda ver escolas
em outros locais que possuem salas de informática e computadores e que
ainda têm alunos, e principalmente professores, excluídos digitalmente. A
exclusão digital dos alunos, nesses casos, se dá por simples omissão da
escola e, no caso dos professores, por omissão consciente deles
próprios.
Possuir um endereço de e-mail e poder
utilizá-lo não representa “modernidade” ou “sofisticação”, mas indica
inclusão digital e a possibilidade de ser um cidadão do mundo. No
universo da escola, possuindo um endereço eletrônico você receberá
dezenas de mensagens inúteis diariamente, os famigerados “spams”, e não
terá nenhuma premiação extra, ou aumento de salário, por causa disso,
mas poderá enviar e receber recados, tarefas e mesmo materiais
ilustrados para seus alunos e colegas. Possuir um e-mail é um direito a
que todos os alunos e professores devem usufruir e, no caso dos
professores, um dever para com a cidadania própria e a de seus
educandos.
Há dezenas de provedores de serviço de
e-mail gratuito. Para ter seu próprio e-mail basta ter como acessar a
Internet por meio de qualquer computador. Uma vez que você tenha um
endereço eletrônico você poderá acessar o seu e-mail em qualquer local
do mundo e a qualquer hora. Diferentemente do correio, que às vezes
demora dias para lhe entregar uma carta, o e-mail é entregue em segundos
ao seu destinatário. Ao contrário das cartas, que requerem selos e são
pagas, os e-mails são gratuitos, ecológicos (não utilizam papel ou
tintas) e muito mais práticos.
Enfim, se você tem a possibilidade de
acessar a Internet de algum local e, preferencialmente de sua própria
casa ou escola, tenha um e-mail, use-o e seja um cidadão digital
responsável.
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