MIDIAS PARA EDUCADORES E FORMADORES

La vida que voa!!!

A ESCRITA DO SURDO

Cabe à escola conhecer as diferenças lingüísticas de seus alunos, e, a partir delas, encontrar caminhos efetivos para a apropriação da linguagem escrita por todos eles, independente de suas peculiaridades específicas, como é o caso da surdez.

Ao buscarmos pesquisar os efeitos das concepções e/ou filosofias de educação para surdos em sua linguagem escrita, tivemos a oportunidade de questionar não apenas a questão peculiar dos sujeitos com surdez, mas a educação geral como um todo. Sabendo que a escola, especificamente nos dias de hoje, conta com uma clientela extremamente heterogênea, cabe a todos nós, enquanto educadores, revermos nossa prática pedagógica e nos capacitarmos no sentido de melhor atender a essa diversidade que se apresenta.

No caso dos alunos com surdez, procuramos buscar sujeitos freqüentes em escolas regulares por acreditarmos que o melhor lugar para toda e qualquer pessoa, independente de sua situação social, cultural, física, com deficiência ou não, no que diz respeito à educação formal, é a escola regular e as salas regulares de ensino. Acreditamos, no entanto, que o sucesso se dará com o crescente conhecimento e aperfeiçoamento da prática pedagógica que baseará tal trabalho.

Percebemos que a aquisição de uma língua é primordial para o desenvolvimento intelectual, emocional, social e afetivo de qualquer ser humano, considerando que a melhor forma de aprender a usar seus instrumentos de forma consciente e transformadora é através da mediação ativa de usuários da mesma.

Falamos muito em modelo e em imitação, durante a análise dos textos que apresentamos, porém procuramos deixar bem claro que o sentido apresentado diferencia-se de submissão, sendo este, apenas um referencial para sujeitos que não ouvem, mas que possuem um potencial como todos os outros indivíduos, ativado através da mediação.

Usando as palavras de Fernandes (s.n.t.) podemos dizer que:

Dominar uma língua é, na verdade, um fato abstrato, não submisso ao funcionamento, ou melhor, ao desempenho lingüístico. É um fenômeno decorrente do contato com a língua, do desempenho lingüístico em qualquer de suas modalidades (oral ou escrita). Mas decorrência não deve ser confundida com submissão: utilizar os modelos de desempenho para ativar regras de seleção é base e conseqüência da exposição ao desempenho lingüístico, mas, uma vez ativadas, as regras selecionadas, ativam, por sua vez, mecanismos cerebrais para moldar a arquitetura da composição de domínio da língua em módulos abstratos [...] Para o ouvinte, ouvir é, provavelmente, o principal meio de processamento de entrada para seleção das regras gramaticais de uma língua. Devemos, no entanto, evitar a suposta premissa de que este é o único meio ou o melhor, mesmo no caso de crianças ouvintes.

Considerando a necessidade da modalidade gestual para a educação dos alunos com surdez, cabe a nós viabilizarmos recursos de ensino/aprendizagem que valorizem a memória e o pensamento que se dão pelo aspecto visual, característico desses sujeitos, lembrando que a língua de sinais propicia o desenvolvimento lingüístico dos mesmos, facilitando, inclusive, o processo de aprendizagem de línguas orais, servindo de apoio para a leitura e compreensão de textos escritos e favorecendo a produção escrita.

Ao percebermos as conseqüências de uma e outra concepcão de educação para os sujeitos com surdez, tornou-se claro o reconhecimento da língua de sinais como base do trabalho com esses indivíduos, mesmo ao considerarmos que existem dificuldades para o aprendizado da mesma. Não podemos, no entanto, fazer dessas dificuldades uma justificativa para nos acomodarmos e engrossarmos o grupo que afirma que os indivíduos com surdez não são capazes de escrever textos estruturados, compreensíveis e lógicos.

Precisamos, além de refletir sobre as práticas pedagógicas utilizadas e sobre os métodos educacionais que delas fazem parte, nos instrumentalizar teoricamente, no sentido de conhecermos os variados estudos e enfoques que têm permeado as discussões sobre a educação de surdos no ensino regular, no Brasil e no mundo.

Ao falarmos em comunicação, em linguagem e em língua, é importante que consideremos todas as possibilidades dos indivíduos, a fim de que todas as dimensões da linguagem humana sejam estabelecidas.

As produções escritas que vimos, através dos nossos sujeitos de pesquisa, representam um pouco daquilo que tem ocorrido com os alunos com surdez, aqui no Brasil e em outros países do mundo.

Para o momento esperamos ter atingido o nosso objetivo maior que foi fomentar uma reflexão sobre os efeitos das concepções e/ou filosofias de educação de sujeitos com surdez, apresentando a escola e as turmas regulares de ensino como o espaço ideal para o ensino formal, e a língua de sinais como o caminho principal para a efetivação de uma educação de qualidade junto a esses alunos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERNARDINO, Elidéa Lúcia. Absurdo ou lógica. Os surdos e sua produção lingüística. Belo Horizonte: Profetizando Vida, 2000.

BRASIL/MEC/SEESP. Subsídios para organização e funcionamento de serviços em educação especial. Área de deficiência auditiva. Brasília: MEC/SEESP, 1995.

______. A educação de surdos. Brasília: MEC/SEESP, 1997.

BOGDAN, Robert; BIKLEN, Sari. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Portugal: Porto, 1994.

CHAVES, Tânia Afonso. Línguas de sinais. s.n.t.

FERNANDES, Eulália. O som, este ilustre desconhecido. s.n.t.

______. Problemas lingüísticos e cognitivos do surdo. Rio de Janeiro: Agir, 1990.

FREMAN, Roger D.; CARBIN, Clifton F.; BOESE, Robert J. Seu filho não escuta? Um guia para todos que lidam com crianças surdas. Brasília: MEC/SEESP, 1999.

GOLDFELD, Márcia. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva sócio-interacionista. São Paulo: Plexus, 1997.

LÜDKE, Menga; ANDRË, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.

NOGUEIRA, Marilene. de A. Eventos de lectoescrita e surdez. Integração, n. 18, p. 53-5, 1997.

SACENTI, Doroti Rosa; SILVA, Vilmar. Surdo: um conceito a ser repensado. Integração, n. 18, p. 26-9, 1997.

SACKS, Oliver. Vendo vozes. Uma jornada pelo mundo dos surdos. Rio de Janeiro: Imago, 1998.

SKLIAR, Carlos (org.). Educação e exclusão. Abordagens sócio-antropológicas em educação especial. Porto Alegre: Mediação, 1997.

VIGOTSKII, L. S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar. In: VIGOTSKII, L.S. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ïcone, 1998. p. 103-17

http://www.educacaoonline.pro.br/index.php?option=com_content&view=article&catid=5%3Aeducacao-especial&id=39%3Aa-escrita-do-surdo-relacao-texto-e-concepcao&Itemid=16

sexta-feira, 13 de abril de 2012

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