A Educação Ambiental na Internet
José Manuel Moran / jmmoran@usp.br
Introdução
Analisar a Educação Ambiental na Internet é uma tarefa complicada, porque os endereços se renovam, modificam com freqüência, aparecem novos sites inesperadamente. Por isso este trabalho é bem datado. Fiz um levantamento e comentários dos principais endereços e alguns CD-ROMS que descobri no primeiro semestre do ano 2000. Eles serão atualizados na página da ONG Ecoar (www.ecoar.org.br).
Como um especialista em educação e educação, mas não especificamente conhecedor em profundidade do campo de educação ambiental, vou limitar-me a fazer um levantamento dos sites que me parecem mais interessantes e estão direcionados para educação ambiental, relatando o seu conteúdo, suas características principais e os problemas que apresentam do ponto de vista estético e pedagógico.
Uma primeira constatação: está aumentando visivelmente o número de sites sobre meio ambiente, ecologia e mais especificamente sobre educação ambiental, o que comprova a importância que o tema vem adquirindo nos últimos anos no Brasil. Com freqüência são colocados novas páginas na Internet sobre o tema, as novas com mais recursos, acompanhando o desenvolvimento da tecnologia.
É difícil distinguir na Internet o que é educação e o que é marketing, só olhando os sites; conhecer que projetos são consistentes e quais são mal desenvolvidos. Precisaríamos ter uma equipe de especialistas em educação ambiental para fazer essa tarefa, mais ligada ao conteúdo específico.
Predominam os sites convencionais, com estrutura semelhante, carregados de informações e textos. A maioria das organizações e grupos utiliza a Internet para divulgar suas atividades e idéias. A linguagem está evoluindo, mas ainda é bastante formal, para quem já conhece o assunto e para quem tem uma formação avançada. É pouco coloquial e atraente, com exceção de alguns sites, para sensibilizar jovens e adultos menos familiarizados com a temática.
Há poucos recursos avançados como o Flash, animações, sons. Muitos sites estão pouco atualizados, com notícias ultrapassadas. A concepção de site (página WEB) é de um grupo falando para os demais, como porta-vozes, de comunicação unilateral. Há pouca interação. Quase não existem fóruns, chats.
É interessante observar que os grupos que trabalham com meio ambiente e educação têm uma visão de mundo avançada, são inovadores. Mas do ponto de vista pedagógico reproduzem a escola tradicional, onde o professor fala e os alunos escutam. Não aproveitam as possibilidades de participação da Internet. O discurso é novo, mas as práticas são tradicionais. Não há cursos a distância sobre educação ambiental. Os cursos propostos até agora são presenciais.
A questão ambiental é bastante focada na natureza, no desmatamento, na flora e na fauna. Falta em muitos sites uma visão mais política, mais abrangente e estrutural da questão ambiental.
Surgem alguns sites mais voltados para as crianças e os jovens com concepções mais modernas. São mais coloridos, movimentados, com jogos e estilo atraentes.
Os CDs analisados são poucos, mas, em geral, possuem boa qualidade técnica e estética. Alguns são enciclopédias de plantas e animais, que servem como banco de dados para consulta. Outros falam de projetos e desenvolvem atividades lúdicas, misturando pesquisa, diversão e jogo. São bem mais interativos que os sites da Internet e os seus recursos, em geral, são mais avançados.
Há pouco som e movimento nas páginas, em geral. Em parte se deve à dificuldade de acesso rápido pela maioria. Mesmo assim hoje já é possível colocar sons e pequenos vídeos sem sobrecarregar a conexão ou criar dois tipos de acesso para conexões mais lentas e rápidas. Com a chegada da banda larga haverá menos diferenciação entre o material para a CD e para Internet. Os sites terão muito mais vídeos, sons e interação e poderão ser muito mais úteis para todas as formas de educação ambiental.
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