MIDIAS PARA EDUCADORES E FORMADORES

La vida que voa!!!

INDIO VERSUS PRECONCEITOS

Em Cima da Serra Uma Raposa ao Sol

*Silvino Morais Barros

Fora construído sobre a cultura brasileira, ao longo dos séculos, um preconceito contra o Ser índio, isso é bem verdade quando se vê falar em ausência de educação bilíngüe nas instituições de ensino formal do país. Pode-se afirmar que a formalização do ensino não contou com a cultura sociolingüística dos Tupi, por exemplo, nas salas de aula a enriquecer a mente das crianças.
Em certa época, no Brasil, o idioma indígena fora ensinado em sala de aula, deixando as crianças paulistanas com uma oportunidade única: saber o que é Ser índio. Hoje, ninguém ouve falar da ampliação da língua indígena nas instituições de ensino fundamental brasileiras, porque ser uma pessoa na selva, no cerrado, na caatinga e nos pântanos é desinteressante !? Ou é não querer sentir esse algo a mais da cultura índia brasileira correndo no nosso corpo?
Uma cultura rica, forte e solidificada em instituições próprias, tal se firma um prego num manco de Aroeira, é a cultura brasileira: e o Brasil é um Continente, para não dizer multi-cultural ou pluri... Ele somos nós, esses homens e mulheres que lutam para obter a esperança de uma vida melhor a seus descendentes.
Nessa caminhada histórica do Brasil, os índios foram colocados à margem do processo de formação, crescimento, desenvolvimento e reprodução do capital cultural disponível.
Nessa contramão, os brasileiros se formaram excludentes uns dos outros. Se a proximidade entre o europeu e o índio, em 1500, é quase a mesma hoje, no tocante a coadunar usos e costumes, então demarcar terras indígenas é normal, porque não se conhece como é Ser índio no Brasil.
Para que a inclusão social ocorra, de fato, no momento de fricção inter-étnica entre as culturas é preciso que a comunicação entre os agentes seja ampliada. Esse é o momento para tanto, em que se decide pela demarcação de mais uma área, só que contínua, de mais de 1.700.000 hectares.
A soberania nacional é mantida em uma situação talqual essa da demarcação continua de área pública. Nisso, a segurança nacional deve ser mantida, contumaz reforçada para garantir, antes de tudo, a vida humana.
O território, que divide com outros países é sensível a investidas aventureiras, o que não impede do Exercito montar reforço nas fronteiras que a reserva fará limite: e, não, fronteira – pois que faz fronteira é o país. Isso deve ser bem claro aos olhos da Justiça brasileira, sob pena de permitirmos que outros interesses se desenvolvam nas áreas que forçam entrada no território do nosso país.
O Brasil possui uma cultura de demarcações de terras indígenas desde muito tempo, sendo divulgado na imprensa que o “Brasil tem atualmente cerca de 600 terras indígenas, que abrigam 227 povos, com um total de aproximadamente 480 mil pessoas.
Essas terras representam 13% do território nacional, ou 109,6 milhões de hectares. A maior parte das áreas indígenas - 108 milhões de hectares - está na chamada Amazônia Legal, que abrange os Estados de Tocantins, Mato Grosso, Roraima, Rondônia, Pará, Amapá, Acre e Amazonas. Quase 27% do território amazônico hoje é ocupado por terras indígenas.(1)”. Dessas, nenhuma faz tanta aflição ao Estado como Raposa Serra do Sol, por causa da vulnerabilidade que possa surgir na fronteira com Venezuela.
É necessário mais atenção, de fato, com a linha imaginaria que se forma no mapa do país, para que proto-FACR’s não se instalem nessa terras, prejudicando a vida indigena, estadual e nacional. Essa expansão de demarcações causou na compreensão uma ojeriza no brasileiro metropolitano que não tem aonde morar.
Mais que demarcar terras ao povo é preciso compreender como esse povo forma seu cotidiano, por causa da importância que as relações sociais de parentesco, econômicas, políticas e afetivas possuem no cerne da cultura.
Se o Ser índio é Ser cidadão, por causa disso também é direito dele o que consta em nossa Constituição. Diferentes historiadores chegaram a afirmar “que antes da chegada dos europeus à América havia aproximadamente 100 milhões de índios no continente. Só em território brasileiro, esse número chegava 5 milhões de nativos, aproximadamente.
Estes índios brasileiros estavam divididos em tribos, de acordo com o tronco lingüístico ao qual pertenciam: tupi-guaranis (região do litoral), macro-jê ou tapuias (região do Planalto Central), aruaques (Amazônia) e caraíbas (Amazônia ) (2)”. Nisso, esses proto-cidadãos ficaram isolados e sem saúde, educação, moradia e segurança, além de liberdade de expressão e educação bilíngüe, que são direitos dos cidadãos brasileiros.
É sabido que muitos desses direitos não se universalizaram mesmo no cotidiano do brasileiro urbano, muito menos nos rincões do Amazonas, num pau-a-pique qualquer que, sem luz, remédio, cigarro ou televisão, as pessoas coabitam.
Que essa não seja apenas mais uma demarcação, para que a futura Raposa Serra do Sol nos seja útil para a preservação e ampliação da nossa cultura índia brasileira, levando-nos ao encontro dos usos e costumes comuns aos indígenas, ademais para que nossos netos tenham o orgulho de serem brasileiros, já que muitos de nossos mitos de hoje são originários nas culturas indígenas, o que pouca gente sabe: bem como a nossa comida e nossas festas.
Mas os mitos deles ainda não se formaram duráveis em nossas consciências reificadas, lá nas escolas fundamentais das grandes capitais brasileiras. A cultura índia brasileira tem muito a nos ensinar, e basta olhar como sua história ainda se mantém atuante no cotidiano das comunidades indígenas por todo país.
Sobre a Religião Indígena, sabe-se que “cada nação indígena possuía crenças e rituais religiosos diferenciados. Porém, todas as tribos acreditavam nas forças da natureza e nos espíritos dos antepassados. Para estes deuses e espíritos, faziam rituais, cerimônias e festas.
O pajé era o responsável por transmitir estes conhecimentos aos habitantes da tribo. Algumas tribos chegavam a enterrar o corpo dos índios em grandes vasos de cerâmica, onde além do cadáver ficavam os objetos pessoais.
Isto mostra que estas tribos acreditavam numa vida após a morte. Principais etnias indígenas brasileiras na atualidade e população estimada.Ticuna (35.000), Guarani (30.000), Caiagangue (25.000), Macuxi (20.000), Terena (16.000), Guajajara (14.000), Xavante (12.000), Ianomâmi (12.000), Pataxó (9.700), Potiguara (7.700). Fonte: Funai (Fundação Nacional do Índio) (3)”.
Se nos conhecêssemos mais como brasileiros que somos, aí falo de mim, um goianiense que teve a honra de no passado manter algum contato com o pessoal que morava na Ilha do Bananal, poderíamos nos amar mais e, daí, nessa interação social se faria com que nossos descendentes tivessem acesso ao cotidiano de uma comunidade indígena: e que não morassem apenas em um Museu.
Que nossos futuros herdeiros culturais sejam os legatários de valores morais dignos da civilização brasileira de hoje, e que eles tenham o domínio de vir a crer muito menos na usura capitalista voraz que come terra e cospe fumaça, tendo as porcas e os parafusos como produtos líquidos de uma mais-valia ocasional, essa maquinaria oriunda da consciência liberal que se construiu no inconsciente coletivo de todos nós, e muito mais na relativização da diferença entre quem se sente índio e quem se sente negro, não quem é pardo, amarelo, daqui a pouco azul... Qual é a importância dessa distinção de cores senão a dominação do erudito sobre o coloquial, do rico sobre o pobre, do branco sobre o índio? Sabe-se que o poder simbólico esteve agindo nos bastidores desse processo histórico de formação da cultura brasileira e, nele, a terra adquiriu valor de uso e de troca. Alem do mais, isso está na Constituição, porquanto se firmou em pétreas condições que o uso da terra é social, enquanto sua troca seja comercial.
Então meus caros, que as reservas indígenas possam ser mantidas auto-sustentáveis na função social da terra, em última instância que o turismo e o artesanato sejam carro chefe da popularização dos usos e costumes índios do Brasil. Isso, fazendo com que a tradição seja alimentada e preservada aos nossos dias de amanhã, destarte, que a raposa sairá da toca e seguirá de peito-aberto ao Sol, para dourar seu pelo e lamber sua cria, alimentando o olhar firme num horizonte próspero.

domingo, 4 de outubro de 2009

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