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SAÚDE HUMANIZADA EIS A QUESTÃO

Humanização do Atendimento em Saúde

Antes do século XVIII, ou seja, antes do positivismo, o hospital era essencialmente uma instituição de assistência dirigida aos pobres, já que os ricos levavam os recursos médicos para suas casas. Apesar de ser uma instituição de assistência, o hospital servia também como recurso de exclusão social pois, o pobre, como pobre, tinha necessidade de assistência e, se fosse também doente, poderia ter alguma doença contagiosa, logo, poderia ser perigoso. Além disso, o pobre poderia estar louco, ou seja, oferecer mais perigo ainda. Por conta disso o hospital existia tanto para acolher esses pobres, quanto para proteger a sociedade do perigo que ele representa.
De certa forma, não se pretendia a cura para o usuário do hospital até o século XVIII, mas sim uma assistência material e espiritual, em alguns casos pretendia-se dar os últimos cuidados ou o último sacramento.
Depois do século XVIII, com a explosão do conhecimento e da técnica, com o aprimoramento crescente dos meios de diagnóstico e tratamento, houve uma inversão no papel dos hospitais, quase ou tão incômoda quanto a situação anterior, ou seja, ao se abordar técnica e cientificamente a doença, confortar e consolar o doente passaram a ser coisas do passado. Evidentemente que todos sempre quiseram evitar a doença e a morte, em qualquer época histórica, mas entre o sofrimento e a morte pode ser que essa seja menos temida que aquele. Pelo que se sabe da realidade dos pacientes, tem sido muito freqüente ouvir nos corredores dos hospitais em alto e bom som, que não se teme tanto a morte, em si mesma, quanto a dor e os sofrimentos relacionados ao processo de morrer.
Evidentemente também, as pessoas sempre procuraram o hospital para cura de seus males e alívio de seu sofrimento, não necessariamente nessa ordem. De qualquer forma, trata-se de uma busca de alívio, de preservação da vida, de restituição da saúde e melhoria do conforto pessoal. Mas essa problemática da dor e do sofrimento não é uma simples questão técnica, pois a intencionalidade solidária, fraterna e confortadora depende mais de uma atitude do caráter do que do conhecimento. Muito embora a ciência contribua, sobremaneira, para soluções eficientes aos problemas de saúde, o sofrimento humano diz muito mais respeito à ética que à técnica.
Trazendo essa questão aos exemplos atuais, citamos algumas situações muito constrangedoras no cotidiano dos hospitais. Se no século XVIII as pessoas ofereciam atenção e cuidados humanos aos pacientes porque a ciência não podia oferecer mais nada, hoje a ciência tem muito a oferecer mas as pessoas não oferecem mais nada além da técnica.
Temos atendido na psiquiatria seqüelas emocionais bastante mórbidas de tratamentos realizados em UTIs. A maioria dos profissionais desses ambientes privilegia a técnica em franco desprezo para com a questão humana. O conforto emocional dos pacientes é sistematicamente ignorado em favor dos dados objetivos do equilíbrio hidroeletrolítico, do traçado eletrocardiográfico, da eletroforese das proteínas, da pressão venosa central, da gasometria e outros parâmetros importantes, mas dispensáveis se a pessoa deixa de ter vontade de viver.
O tecnólogo da saúde, embevecido pelos conhecimentos que acredita possuir não se obriga mais a dar satisfações ao paciente e aos familiares do estado de saúde, prognóstico e evolução. Parece que o conhecimento tornou essas pessoas herméticas ao cidadão comum.

O Hospital Depois do Século XVIII
A visão marcantemente biológica (positivista) fez com que profissionais de saúde considerassem como sofrimento exclusivamente o padecimento físico, deixando de considerar o sofrimento global da pessoa. Esse cientificismo costuma adotar a curiosa posição de "não permitir" o sofrimento subjetivo ao paciente, já que os conhecimentos objetivos sobre determinada doença definem tecnicamente o tanto de sofrimento que o paciente "deve e pode se permitir". De acordo com os manuais de medicina, não aparecendo na tomografia ou no ultra-som nada de anormal, a dor ou mal estar "estão proibidos".
Por outro lado, o doente passou a representar algo além de uma pessoa digna de atenção, de cuidado e assistência. O doente passou a ser um instrumento de aprendizagem, de estatística, de pesquisa, passou a representar uma fonte de recursos econômicos para a instituição (veja a questão das poucas altas nos finais de semana, quando os hospitais não podem ficar com leitos vagos), um argumento político de algum ministério, uma possibilidade financeira da administração hospitalar e assim por diante.
Sem dúvida nenhuma os avanços do conhecimento e da técnica têm forte repercussão na área da saúde, tanto no diagnóstico como no tratamento, tanto na prevenção como na cura das doenças, tudo isso refletindo diretamente no conforto pessoal, na qualidade de vida e na longevidade das pessoas. Entretanto, o avanço tecnológico trouxe consigo também um aspecto frio e mecânico, maquinal, reducionista e algo desumano na relação entre as pessoas. A crítica ao positivismo é que ele ensinou a todos o preço das coisas mas não ensinou a ninguém o valor das coisas. Talvez tenha sido um mal necessário.
A ética atual discute, sem conclusão alguma, se do positivismo para cá o ser humano pode usufruir de maior felicidade. Obviamente devem ter melhorado as condições de vida pois, inegavelmente, há uma brutal diferença entre extrair um dente hoje e no século passado, assim como também é diferente a expectativa média de vida entre meados do século XX e hoje, mas a questão da felicidade em si é bastante diferente.
Atualmente as conseqüências do desenvolvimento da tecnologia no relacionamento entre as pessoas estão sendo detectadas, estudadas e enfrentadas, buscando-se um equilíbrio capaz de dosar o uso dos equipamentos sofisticados e de última geração e o relacionamento humano entre as pessoas, buscando um equilíbrio entre o mecanicismo frio da técnica, entre os cálculos complicados da economia e entre o utilitarismo das coisas, com a compreensão das necessidades afetivas das pessoas, enfim procurando equilibrar a idéia dos preços com a noção de valores.
Um lado positivo do reducionismo moderno talvez tenha sido a aquisição de conhecimentos especializados. Na área da saúde a especificidade do conhecimento originou as especialidades médicas, com conhecimentos mais aprofundados sobre partes menores do ser humano (daí o termo reducionismo). A vantagem foi o conhecimento maior e mais específico, a desvantagem foi a eventual perda da noção de conjunto e integração.
Nas outras áreas, a vantagem do reducionismo foi a discussão dos papéis profissionais, resultando nas definições, especificações e atribuições de cada profissional; do médico, do enfermeiro, assistente social, psicólogo, nutricionista, terapeuta ocupacional e todos os demais trabalhadores da saúde contribuindo para a melhoria das condições e qualidade no atendimento.
Por conceito, origem e vocação a medicina e outras áreas relacionadas ao atendimento à saúde devem representar uma parte da ciência essencialmente humanística. Isso quer dizer que será desejável partir-se de uma visão global do ser humano, deixando de lado a concepção dualista que entende a pessoa como sendo apenas dotada de corpo e espírito mas, sobretudo, compreender a pessoa como uma unidade indissolúvel.
Neste contexto, as enfermidades, transtornos, distúrbios, doenças, enfim, de quaisquer processos mórbidos deverem ser abordados não apenas através do órgão da pessoa, mas também e principalmente, através daquilo que ela tem de mais humano: seu componente afetivo e emocional. Também o tratamento e atenção a quaisquer desses estados mórbidos devem considerar outros elementos humanos além da fisiopatologia. Além de científica, além de naturalista, a assistência à saúde deve ser fundamentalmente humanista.
É fundamental, sobretudo, que o profissional de saúde deixe de considerar apenas a doença e se aplique em cuidar do doente, da pessoa que, circunstancialmente, está sofrendo. Além da dimensão física, a pessoa deve ser atendida também em seu componente social, psíquico e emocional.

FONTE: Palestra exposta no VII Simpósio de Relacionamento Terapeuta-Paciente do Hospital Américo Bairral / Itapira - SP – 2004 (psiqweb)
http://www.virtualpsy.org/temas/humaniza.html

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

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