Aqueça as comunicações eletrônicas
Carla Panisset*
Estava eu há uns dias numa reunião de um grupo terapêutico e o foco central da discussão era o uso do e-mail para comunicados importantes. Essas informações diziam respeito a saída e férias de membros, ausência por doenças, problemas familiares, viagens de trabalho, atividades extracurriculares e outras similares.
Alguns eram contundentes em afirmar que e-mails são pouco "afetivos", sem emoção e sem entonação. E que, por isso, são completamente inadequados quando queremos nos comunicar com consideração e respeito com as pessoas que prezamos. Defendiam que para certos tipos de assunto todos deveriam telefonar ou ir pessoalmente dar a notícia a amigos.
Na outra ponta, vemos as pessoas que comunicam qualquer notícia ou assunto usando meios eletrônicos, muitas vezes até extrapolando o bom senso e qualquer etiqueta, entupindo as caixas de e-mails e expondo os demais a situações constrangedoras. O mau uso das redes sociais como Orkut, Twitter e Facebook revela hábitos, crenças pessoais e até a própria intimidade exacerbadamente, em certos casos colocando seus participantes em risco. Nunca antes a esfera pública e a privada estiveram tão fusionadas, sem critérios que protegessem seus protagonistas.
Comunicação um a um
Curioso é observarmos que no Reino Unido, no fim do século XIX, quando surgiu o telefone, criou-se uma expressão especial para definir os assuntos sem importância, falsos ou inválidos, que eram comunicados via telefone: "This is phony." ("Isto é telefônico"). Naquela época, falar pessoalmente ou escrever uma carta caprichada eram os meios considerados sérios e comprometidos da comunicação um a um.
Cada época tem sua etiqueta na comunicação bem como cada nova tecnologia costuma ser encarada com desconfiança e descrédito pelas gerações mais antigas. Uma boa orientação, para acertar e não passar por mal educado ou frio nos emails, é adequar sempre a mensagem a quem irá recebê-la. Se você sabe que certas pessoas curtem piadas, mande só para elas as mensagens engraçadas. Se você sabe que certas pessoas gostam de orações e correntes, mande para elas as preces. Se você sabe que certas pessoas gostam de apresentações e fotos fofinhas, mande para elas os PPTs. Outro cuidado a seguir é jamais usar e-groups para conteúdos que não digam respeito a todos os membros.
Você pode estar se perguntando aí: "Mas como saberei quem é que gosta de quê"? A sugestão é investir seu tempo para descobrir, através do contato pessoal, e passar a ser mais respeitoso na comunicação eletrônica. O escritor americano Dale Carnegie criou alguns princípios para melhorar os relacionamentos em que ele afirmava: "Fale de coisas que interessem à outra pessoa" e "Procure honestamente ver as coisas do ponto de vista da outra pessoa." Atentando para esses princípios simples, cada um pode fazer o melhor uso de seus e-mails e usar a tecnologia para "aquecer" e fortalecer as relações e não para estremecê-las.
Fonte
* Carla Fernanda Panisset é Jornalista, MBA em Marketing e Instrutora de Treinamentos Empresariais da Dale Carnegie Training, na área comportamental. Já instruiu mais de 250 pessoas para aperfeiçoamento da Liderança pessoal, Comunicação e Controle de Estresse.
Pesquisa: CARNEGIE, Dale. "Como fazer amigos e influenciar pessoas"- 50. Ed., São Paulo:Companhia Editora Nacional, 2002.
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